A Índia das 'meninas perdidas'
quinta-feira, janeiro 10, 2013
Já é quase dia e ainda pode-se ouvir os gritos que vêm de dentro do pequeno barraco. Homens do lado de fora fumam sem parar, a fim de controlar a ansiedade. Lá dentro, a jovem, quase menina, experimenta horas de dores até finalmente ver seu bebê nascer.
A parteira pega a criança e, com olhar de desprezo diz: "Sinto muito, é uma menina". Os homens da família tentam consolar o pai, que fica arrasado. Batendo no peito, ele grita aos deuses perguntando o que foi que ele fez para merecer isso. Minutos depois, em uma cerimônia assustadora, o pai levanta a criança inocente nos braços e, antes de afogá-Ia em um barril de leite, diz: "No ano que vem, você será um menino".
Andando pelas ruas de qualquer cidade da índia, é impossível não notar a falta de mulheres. O número de homens que se vê é muito maior. Indianos de classe alta afirmam que a prática de se matar meninas já não é mais tão comum, mas a realidade mostra outra coisa.
Para tentar acabar com essa chacina, o governo proibiu a realização de ultrassom para saber o sexo do bebê. Porém, o apelo de clínicas clandestinas e a realidade social falam mais alto. Em qualquer cidadezinha mais remota da índia, estas clínicas fazem o exame por apenas 10 dólares e, com uma taxa adicional, já fazem o aborto se o feto for do sexo feminino. Alguns desses lugares fazem a seguinte propaganda: "Pague 500 rúpias agora e economize 50 mil no futuro", fazendo referência ao dote que o pai da noiva precisa dar à família do noivo no casamento.
Quando a família arranja um casamento para a menina, um valor combinado deve ser pago para a família do noivo. Quando isso não acontece devidamente, a noiva corre o risco de ser queimada viva em um ato desumano chamado bride-burning, que pode ser traduzido por "queima da noiva".
Em alguns casos, quando o dinheiro do dote acaba, ou é insuficiente, o noivo e sua mãe passam a considerar a noiva indesejável e os maus-tratos começam até que, em último caso, o noivo mata a esposa para poder se casar com outra mulher.
O termo bride-burning começou a ser usado porque essas mulheres geralmente morrem na cozinha, enquanto preparam a refeição da família. Alguém despeja querosene no ambiente, e outro acende o fósforo. A morte é reportada como "acidente doméstico" com o fogão à lenha.
Dados oficiais do governo da índia apontam 7 mil casos de bride-burning por ano. ONGs afirmam que é o dobro - um artigo chega a falar em 25 mil mortes.
Além da prática de assassinato, é comum a tortura dessas mulheres. Algumas são tão agredidas pela família do noivo que se tornam portadoras de deficiências físicas, com ainda mais dificuldade para trabalhar duramente, como é esperado delas.
O sistema de castas torna a vida das mulheres indianas ainda mais difícil. As mulheres dalit, da casta mais baixa, são as que mais sofrem. São consideradas inferiores aos cães, e "intocáveis", por serem impuras. Mesmo assim, têm sido exploradas sexualmente e são as maiores vítimas da AIOS.
Mulheres dalit não têm direito ao estudo nem ao sistema de saúde. Do total, 90% trabalha na agricultura e são chamadas de servas. Elas também são obrigadas, pela religião e tradição, a limpar os restos dos animas das ruas, sem receber nenhum pagamento por isso. Trabalham muito mais que os homens da mesma casta, mas ganham bem menos que eles...
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Essa é só uma amostra do que encontramos quando pesquisamos sobre o assunto. Coisas que acontecem no nosso mundo e não tomamos conhecimento. Só podemos desejar que a igualdade um dia possa tomar conta do mundo e as pessoas parem de fazer absurdos em nome da cultura ou da religião.
Achei um blog legal chamado IndoBrasilian Girl, está em português, e tem muitas postagens relevantes. Pertence a uma fofa chamada Chris. ^^
Um lindo dia pra gente, que felizmente somos mulheres "livres", somos?
11 Comentários
... um absurdo!
ResponderExcluirSem palavras...
... um absurdo!
ResponderExcluirSem palavras...
Nossa, quanta sujeira. Pensei naquilo que falávamos ainda ontem: vamos nos preocupar com o que realmente importa. Uma coisa dessa acontecendo e as igrejas preocupadas em condenar outros.
ResponderExcluirNossa, quanta sujeira. Pensei naquilo que falávamos ainda ontem: vamos nos preocupar com o que realmente importa. Uma coisa dessa acontecendo e as igrejas preocupadas em condenar outros.
ResponderExcluirChocante, revoltante...
ResponderExcluirMinha cabeça e coração não processão :(
Chocante, revoltante...
ResponderExcluirMinha cabeça e coração não processão :(
É triste... a diferença das culturas é extravagante e gritante! As mulheres lá são obrigadas a aceitar essa cultura, mesmo sabendo o qto é ruim para elas terem nascido... Infelizmente eu acabo pensando q não nascer é melhor. Mas tbm perceber q morrem através de mãos imundas como aquelas é doloroso!
ResponderExcluirDevia ser um país livre de mulheres mesmo! Pra q esses homens aprendessem o valor q tem uma mulher! Sem elas, de onde viriam seus filhos, seu alimento e etc? Homens... bah!!!
Nossa, é bem chocante mesmo.
ResponderExcluirNossa, é bem chocante mesmo.
ResponderExcluirImpossível ficar alheia ao texto, em mim choca com dor e muita indignação, infelizmente tai uma coisa que não esta ao alcance de minhas mãos a fazer nada! esta sensação de mãos atadas é horrível!
ResponderExcluirbjs
Gélia
Impossível ficar alheia ao texto, em mim choca com dor e muita indignação, infelizmente tai uma coisa que não esta ao alcance de minhas mãos a fazer nada! esta sensação de mãos atadas é horrível!
ResponderExcluirbjs
Gélia
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